top of page

Cineclube Atlântico Negro

Bate-papo sobre cinema negro com o Cineclube Atlântico Negro

No mês da Consciência Negra o Ciranda de Cineclubes tem como tema o cinema negro. Além de ter o pessoal do CINEGRADA na sessão do dia 12/11 conversamos com Clementino Junior sobre seu cineclube Atântico Negro.

Clementino Junior, cineasta, professor de vídeo e animação, designer e fundador do cineclube conta que a iniciativa surgiu a partir de uma ideia que ele teve durante um curso multidisciplinar em uma pós graduação do uso do cinema em sala de aula pautado pela lei 10.639/03 de ensino obrigatório de história e cultura afro brasileira há seis anos atrás. Como já era cineclubista e comandava o Cineclube da Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas propôs ao curso um cineclube mensal com sessões em que os filmes dialogassem com as disciplinas e seus conteúdos: “Assim surgiu o Cineclube Atlântico Negro, que nasceu na Atlântica Educacional (que sediava o curso), e cujo nome foi inspirado na obra de Paul Gilroy e no documentário sobre a diáspora africana pela perspectiva religiosa entre Brasil e o Golfo do Benin.

O Cineclube funcionou lá por dois meses, mas depois ganhou vida própria e migrou para outros espaços na cidade do Rio de Janeiro e com itinerâncias em outros Cineclubes, Espaços Culturais, escolas e eventos (...) O apelido do Cineclube é "Navio Negreiro do Cinema" e ele "aporta" com sua programação e propostas de palestra e debate aonde for "convidado”, conta Clementino que é, sozinho, mesmo com tentativas de formar um coletivo pra administrar a atividade, o financiador e organizador do CAN.

Clementino Júnior

Cartazes de sessões do Cineclube

Sessao Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha

Sessao Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha

Filme Anjo de Chocolate

Filme Anjo de Chocolate

Sessao Pernambucanos

Sessao Pernambucanos

Sessao Visoes Perifericas

Sessao Visoes Perifericas

NOVEMBRO DE 2014

Sessao OUSMANE SEMBENE

Sessao OUSMANE SEMBENE

Segundo Clemenetino, no início das atividades era mais difícil encontrar uma filmografia significativa para e sobre o negro com uma abordagem estética, temática ou regional que contribuíssem mais efetivamente para o debate:

A memória de um cinema que poderíamos chamar de 'negro' não tem o mesmo valor para as instituições de preservação que as que não abordam um tema como este, que está presente em nosso cotidiano mas raramente é referenciado, e mais raramente ainda de forma contundente, na cinematografia mundial. Filmes importantes das primeiras experiências se perderam, temos como exemplo a inexistência de cópias de ‘Moleque Tião’, um filme biográfico sobre Grande Otelo, um dos principais atores da história do cinema, e cujo nome batiza o Grande Prêmio do Cinema, mostra como não há um cuidado para esta pauta.

"

Clementino Júnior

Clementino ainda aponta que hoje, muito por meio da contribuição das mídias digitais e da troca de informações e pesquisas na internet é possível ter acesso a uma cinematografia que o mercado audiovisual costuma manter fora de circulação, como as do oriente médio, do continente africano e do caribe, além das produções de periferia e etnográficas.

 

Sobre a representação do negro no cinema, Clementino afirma que “enquanto os negros não estiverem presentes à frente de produções independentes, tratando dessas temáticas com um olhar de quem compreende as dores das injustiças sociais e sabe como conta-las sem estereotipar ou propagar estereótipos que já estão por demais ultrapassados, não teremos uma representação legítima. O mercado distribuidor dita as regras de como os filmes que chegam às salas comerciais devem ser formatados, o que deve se mostrar, como se mostrar, e eventualmente ter diretores negros dirigindo obras que mantém uma perspectiva não-negra no contexto apresentado, só busca legitimar um formato pré-definido, usando o controle sobre a área de atuação para oferecer o mesmo produto com novo rótulo.”

 

As sessões do CAN são mensais com eventuais itinerâncias e acontecem na primeira ou segunda quinta-feira de cada mês à noite, com o horário condicionado à duração da sessão com debate. Atualmente está sediado na Casa Porto, no Largo da Prainha, na Saúde, Zona Portuária do Rio de Janeiro, aos pés do Morro da Conceição, e próximo à Pedra do Sal.

6º Aniversário Cineclube Atlântico Negro

(Clique na foto para ampliar)

Fotos: Rozana Lemos Lopes. Extraídas da fan page do Cineclube.

Texto: Clara Sacco - bolsista de extensão

bottom of page